O século XX pode não ter sido o século mais importante da história, mas com certeza foi um século marcante devido as mudanças, sobretudo na arquitetura, além de demais áreas.
No século XX, a civilização humana ainda utilizava os trens a vapor
como meio de locomoção, além de cavalos e outros métodos de logística.
Era também muito comum o uso de cartas para comunicação. Já no fim deste
século, já utilizava trem bala, avião e automóveis velozes para
logística. A comunicação era de forma global e praticamente instantânea,
através da Internet (MSN, e-mail, Skype, etc.).
Toda essa revolução tecnológica e comportamental não podia deixar de fora a arquitetura.
Considerada uma das mais antigas formas de ciência e arte, a
arquitetura foi ao longo do século XX incorporando novos conceitos e
técnicas que acabaram por transformá-la para sempre.
Enquanto a arquitetura do século XIX vivia um momento de releitura de
antigos movimentos, tentando recriar os clássicos (movimentos
arquitetônicos Neogótico, Neoclássico, etc.), no século XX ela mergulha
em um profundo movimento renovador.
Vários fatores contribuíram para a transformação da arquitetura no século XX:
- O aumento e também a melhor distribuição de renda que aconteceu neste período, em especial no primeiro mundo, fez surgir uma nova classe média que dominou a cultura e o pensamento da sociedade. Essa nova classe social, demandando por melhores condições de vida e querendo morar em cidades ao invés do campo, financiou grande parte do desenvolvimento urbano e da arquitetura.
- O barateamento de antigos materiais tais como o ferro e o aço (agora produzidos de modo mais eficiente) fez com que surgisse o conceito do concreto armado (a inserção de uma estrutura ou armadura de metal por dentro do concreto), o concreto armado permitiu a construção de prédios mais altos, mais baratos e também a criação de curvas mais ousadas.
- O trabalho de alguns grandes profissionais de arquitetura tais como Oscar Niemeyer no Brasil, Le Corbusier na Europa e Frank Lloyd Wright na América, teve uma grande influência sobre os outros profissionais de arquitetura que passaram a admirar e absorver tais estilos.
O principal conceito que Frank trouxe para a arquitetura moderna foi o de que cada projeto deve ser individual: a localização, o terreno e a finalidade da obra, devem fazer de cada projeto de arquitetura uma obra única. Frank acreditava que cada projeto deveria ter sua própria personalidade.
Embora gostasse de produzir obras ecléticas, Frank Lloyd Wright
desenvolveu um estilo próprio de construção e arquitetura para casas,
tal estilo era chamado de Praire House (em Português, casas da pradaria ou planície).
As Praire Houses de Frank Lloyd Wright, refletiam bem o estilo de
vida da nova classe média Americana dos anos 50, eram amplas, modernas e
tinham muito espaço interno. Tal estrutura tinha um ponto em comum,
tudo era muito bem planejado afim de integrar de forma harmônica com o
ambiente externo. Era o estilo de casa ideal para os novos e espaçosos
subúrbios que surgiam ao redor das cidades, local para onde a classe
média estava migrando.
As principais características de arquitetura das Praire Houses de
Frank Lloyd Wright eram a horizontalidade, as casas jamais passavam de 2
andares, a ausência de divisão entre os ambientes (poucas paredes
internas), linhas retas e também o uso de materiais simples na
decoração: como tijolos e pedras. Os materiais e linhas simples, segundo
Frank, integravam melhor a casa ao terreno e ao ambiente.
Confira abaixo um desenho básico do estilo de arquitetura das Praire Houses de Frank Wright e também algumas fotos reais.
Le Corbusier, pseudônimo e nome artístico do arquiteto Franco-Suiço Charles-Edouard Jeanneret-Gris, revolucionou a arquitetura moderna dando contornos mais urbanos aos projetos arquitetônicos de sua época e também por resgatar elementos arquitetônicos Orientais e adaptá-los ao estilo Europeu (Ocidental).
Além de arquiteto extremamente ativo, Le Combursier também tinha o
costume de escrever e estudar arquitetura e arte teórica, chegando a
lançar vários livros sobre artes plásticas e arquitetura, tais como:
“Estudo sobre o Movimento de Arte Decorativa na Alemanha” (1912) e
também “Voyage d’Orient” (Viagem ao Oriente – 1916).
O livro Voyage d’Orient surgiu a partir do projeto de Le Combursier
de viajar todo o Leste Europeu e Mediterrâneo, em busca de novas
inspirações para sua arquitetura.
Partindo da cidade de Dresden na Alemanha, Le Combursier viaja pelas
cidades de Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste, Kasanlik,
Istanbul e Atenas, terminando sua aventura nas terras do Sul da Itália.
O principal conceito que Le Combursier trouxe para a arquitetura
moderna, ou melhor, os principais conceitos foram o que ele chamou de: Os Cinco Pontos da Nova Arquitetura.
Segundo Le Combursier, esses elementos modernizam e tornam a
arquitetura mais eficiente, é a nova arquitetura para renovar as velhas
metrópoles Européias que agora estavam entrando no século XX.
Confira abaixo a definição dos 5 Pontos da Arquitetura Moderna, retirados da obra de Le Combursier:
- Construção de Pilotis/Colunas: As colunas e pilotis, um antigo elemento da arquitetura clássica Grega, tornavam as construções mais abertas, arejadas e ao mesmo tempo grandiosas. Uma solução urbana muito interessante e elegante para ambientes com alta movimentação de pessoas.
- Terraços Jardim: Retomando a velha idéia Oriental dos jardins suspensos, Le Combursier afirmava que em metrópoles com cada vez menos espaço, os telhados poderiam ser aproveitados como espaços de lazer.
- Planta Livre de Estrutura: Planta livre de estrutura, em palavras mais simples, significa que deveriam existir poucas paredes internas, com menos paredes os espaços ficam mais dinâmicos, podendo ser dados vários usos ao mesmo prédio.
- Fachada Livre de Estrutura: A fachada dos prédios deveria ser simples e funcional, elementos de decoração e “firulas” deveriam ser abolidos.
- Janelas em Fita / Janelas Horizontais: As janelas deveriam sempre acompanhar toda a parede da fachada do edifício, aproveitando melhor a luz natural dentro dos ambientes.
Oscar Niemeyer – o inovador da arquitetura moderna
Oscar Niemeyer ficou conhecido pelo desenho de
alguns dos prédios e obras públicas mais impactantes do mundo. Suas
formas ovulares se consolidaram como uma marca registrada. Chamado pela
imprensa internacional de “poeta das curvas” sua obra e trajetória tem
muito a ensinar aos intra empreendedores, executivos e empreendedores
brasileiros.
Nesses últimos dias busquei rever sua obra para estabelecer esse
paralelo.Assim como um empreendedor que se permite pensar um negócio de
uma forma absolutamente nova, Niemeyer redefiniu a arquitetura moderna.
Como uma empresa que cria uma nova categoria de produto, se consolidou
como pai dessa nova tendência.
Niemeyer era mais do que um arquiteto e engenheiro. Era um artista.
Um pensador multifacetado como o que caracteriza os inovadores.
Exatamente. O inovador é alguém capaz de antecipar, associar, questionar
e reconceber. Suas obras podem ser encontradas na Argélia, Itália, Israel, Estados Unidos e Cuba, esse último com quem sempre teve afinidade e nunca escondeu posição.
Sua trajetória foi longa com diferentes momentos. Nos anos 40
foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas
do concreto armado como uma empresa que inova seus processos.Questionou
as retas como um empresário que repensa seu modelo de negócios.
Reinventou as curvas como um empreendedor visionário que antevê seus
movimentos.
Algumas de suas obras como o Sambódromo do Rio de Janeiro, o conjunto
arquitetônico da Pampulha, o museu de arte contemporânea de Niterói e
Brasília são fragmentos indissociáveis de sua identidade. Niemeyer
sempre lutou contra o convencional.
Ousou ver o mundo com outros olhos. Uma inspiração para aqueles que
querem inovar. Trouxe a sensualidade de volta a forma. Sua obra forjou
tamanha identidade que se consolidou como uma marca global de
vanguardismo. Poucas empresas no mundo conseguiram estabelecer uma
estratégia tão clara, distinta e de alcance como o brasileiro.
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