terça-feira, 10 de setembro de 2013

Arquitetura Moderna: O Estilo dos Grandes Mestres


O século XX pode não ter sido o século mais importante da história, mas com certeza foi um século marcante devido as mudanças, sobretudo na arquitetura, além de demais áreas.
No século XX, a civilização humana ainda utilizava os trens a vapor como meio de locomoção, além de cavalos e outros métodos de logística. Era também muito comum o uso de cartas para comunicação. Já no fim deste século, já utilizava trem bala, avião e automóveis velozes para logística. A comunicação era de forma global e praticamente instantânea, através da Internet (MSN, e-mail, Skype, etc.).
Toda essa revolução tecnológica e comportamental não podia deixar de fora a arquitetura.
Considerada uma das mais antigas formas de ciência e arte, a arquitetura foi ao longo do século XX incorporando novos conceitos e técnicas que acabaram por transformá-la para sempre.
Enquanto a arquitetura do século XIX vivia um momento de releitura de antigos movimentos, tentando recriar os clássicos (movimentos arquitetônicos Neogótico, Neoclássico, etc.), no século XX ela mergulha em um profundo movimento renovador.
Vários fatores contribuíram para a transformação da arquitetura no século XX:
  • O aumento e também a melhor distribuição de renda que aconteceu neste período, em especial no primeiro mundo, fez surgir uma nova classe média que dominou a cultura e o pensamento da sociedade. Essa nova classe social, demandando por melhores condições de vida e querendo morar em cidades ao invés do campo, financiou grande parte do desenvolvimento urbano e da arquitetura.
  • O barateamento de antigos materiais tais como o ferro e o aço (agora produzidos de modo mais eficiente) fez com que surgisse o conceito do concreto armado (a inserção de uma estrutura ou armadura de metal por dentro do concreto), o concreto armado permitiu a construção de prédios mais altos, mais baratos e também a criação de curvas mais ousadas.
  • O trabalho de alguns grandes profissionais de arquitetura tais como Oscar Niemeyer no Brasil, Le Corbusier na Europa e Frank Lloyd Wright na América, teve uma grande influência sobre os outros profissionais de arquitetura que passaram a admirar e absorver tais estilos.
 Frank Lloyd Wright

O principal conceito que Frank trouxe para a arquitetura moderna foi o de que cada projeto deve ser individual: a localização, o terreno e a finalidade da obra, devem fazer de cada projeto de arquitetura uma obra única. Frank acreditava que cada projeto deveria ter sua própria personalidade.
Embora gostasse de produzir obras ecléticas, Frank Lloyd Wright desenvolveu um estilo próprio de construção e arquitetura para casas, tal estilo era chamado de  Praire House (em Português, casas da pradaria ou planície).
As Praire Houses de Frank Lloyd Wright, refletiam bem o estilo de vida da nova classe média Americana dos anos 50, eram amplas, modernas e tinham muito espaço interno. Tal estrutura tinha um ponto em comum, tudo era muito bem planejado afim de integrar de forma harmônica com o ambiente externo. Era o estilo de casa ideal para os novos e espaçosos subúrbios que surgiam ao redor das cidades, local para onde a classe média estava migrando.
As principais características de arquitetura das Praire Houses de Frank Lloyd Wright eram a horizontalidade, as casas jamais passavam de 2 andares, a ausência de divisão entre os ambientes (poucas paredes internas), linhas retas e também o uso de materiais simples na decoração: como tijolos e pedras. Os materiais e linhas simples, segundo Frank, integravam melhor a casa ao terreno e ao ambiente.
Confira abaixo um desenho básico do estilo de arquitetura das Praire Houses de Frank Wright e também algumas fotos reais.

Le Corbusier 

Le Corbusier, pseudônimo e nome artístico do arquiteto Franco-Suiço Charles-Edouard Jeanneret-Gris, revolucionou a arquitetura moderna dando contornos mais urbanos aos projetos arquitetônicos de sua época e também por resgatar elementos arquitetônicos Orientais e adaptá-los ao estilo Europeu (Ocidental).
Além de arquiteto extremamente ativo, Le Combursier também tinha o costume de escrever e estudar arquitetura e arte teórica, chegando a lançar vários livros sobre artes plásticas e arquitetura, tais como: “Estudo sobre o Movimento de Arte Decorativa na Alemanha” (1912) e também “Voyage d’Orient” (Viagem ao Oriente – 1916).
O livro Voyage d’Orient surgiu a partir do projeto de Le Combursier de viajar todo o Leste Europeu e Mediterrâneo, em busca de novas inspirações para sua arquitetura.
Partindo da cidade de Dresden na Alemanha, Le Combursier viaja pelas cidades de Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste, Kasanlik, Istanbul e Atenas, terminando sua aventura nas terras do Sul da Itália.
O principal conceito que Le Combursier trouxe para a arquitetura moderna, ou melhor, os principais conceitos foram o que ele chamou de: Os Cinco Pontos da Nova Arquitetura.
Segundo Le Combursier, esses elementos modernizam e tornam a arquitetura mais eficiente, é a nova arquitetura para renovar as velhas metrópoles Européias que agora estavam entrando no século XX.
Confira abaixo a definição dos 5 Pontos da Arquitetura Moderna, retirados da obra de Le Combursier:
  • Construção de Pilotis/Colunas: As colunas e pilotis, um antigo elemento da arquitetura clássica Grega, tornavam as construções mais abertas, arejadas e ao mesmo tempo grandiosas. Uma solução urbana muito interessante e elegante para ambientes com alta movimentação de pessoas.
  • Terraços Jardim: Retomando a velha idéia Oriental dos jardins suspensos, Le Combursier afirmava que em metrópoles com cada vez menos espaço, os telhados poderiam ser aproveitados como espaços de lazer.
  • Planta Livre de Estrutura: Planta livre de estrutura, em palavras mais simples, significa que deveriam existir poucas paredes internas, com menos paredes os espaços ficam mais dinâmicos, podendo ser dados vários usos ao mesmo prédio.
  • Fachada Livre de Estrutura: A fachada dos prédios deveria ser simples e funcional, elementos de decoração e “firulas” deveriam ser abolidos.
  • Janelas em Fita / Janelas Horizontais: As janelas deveriam sempre acompanhar toda a parede da fachada do edifício, aproveitando melhor a luz natural dentro dos ambientes.

Oscar Niemeyer – o inovador da arquitetura moderna

Oscar Niemeyer ficou conhecido pelo desenho de alguns dos prédios e obras públicas mais impactantes do mundo. Suas formas ovulares se consolidaram como uma marca registrada. Chamado pela imprensa internacional de “poeta das curvas” sua obra e trajetória tem muito a ensinar aos intra empreendedores, executivos e empreendedores brasileiros.
Nesses últimos dias busquei rever sua obra para estabelecer esse paralelo.Assim como um empreendedor que se permite pensar um negócio de uma forma absolutamente nova, Niemeyer redefiniu a arquitetura moderna. Como uma empresa que cria uma nova categoria de produto, se consolidou como pai dessa nova tendência.
Niemeyer era mais do que um arquiteto e engenheiro. Era um artista. Um pensador multifacetado como o que caracteriza os inovadores. Exatamente. O inovador é alguém capaz de antecipar, associar, questionar e reconceber. Suas obras podem ser encontradas na Argélia, Itália, Israel, Estados Unidos e Cuba, esse último com quem sempre teve afinidade e nunca escondeu posição.
Sua trajetória foi longa com diferentes momentos. Nos anos 40 foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado como uma empresa que inova seus processos.Questionou as retas como um empresário que repensa seu modelo de negócios. Reinventou as curvas como um empreendedor visionário que antevê seus movimentos.
Algumas de suas obras como o Sambódromo do Rio de Janeiro, o conjunto arquitetônico da Pampulha, o museu de arte contemporânea de Niterói e Brasília são fragmentos indissociáveis de sua identidade. Niemeyer sempre lutou contra o convencional.
Ousou ver o mundo com outros olhos. Uma inspiração para aqueles que querem inovar. Trouxe a sensualidade de volta a forma. Sua obra forjou tamanha identidade que se consolidou como uma marca global de vanguardismo. Poucas empresas no mundo conseguiram estabelecer uma estratégia tão clara, distinta e de alcance como o brasileiro.

 

 






ARQUITETURA E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Transformações Técnicas: engenharia estrutural, 1775-1939

O conceito "Progresso" ocorre com mais ênfase na arquitetura junto ao nascimento de ideais progressistas nos fins do séc XVIII, acompanhado por uma perda na confiança da tradição renascentista e das teorias que a suportavam, o idealismo. O desenvolvimento de novos materiais e métodos de construção permitiam novas soluções, criavam novos padrões, novos problemas, e sugeriam simultaneamente novas formas. 

Em um nível mais profundo a industrialização transformou os padrões de vida e levou a proliferação de novos edifícios: estações de trem, casas suburbanas, arranha-céus, para os quais não havia precedentes. A industrialização também gerou novas estruturas econômicas e centros de poder. Desloca a patronagem da arquitetura da igreja, estado e aristocracia para as aspirações da nova classe media. Outro aspecto do mito progressista por trás da concepção da arquitetura era a crença em uma sociedade justa e racional. Além disso, as correntes de pensamento arquitetônico estavam preocupadas com a possibilidade de se criar formas que não fossem pastiches de estilos passados, mas expressões genuínas do presente. A noção de arquitetura moderna implicava em uma série de diferentes atitudes quanto à gênese da forma.

Em 1927 podemos encontrar uma casa individual pré-fabricada com estrutura metálica leve, montada à seco na Exposição do Werkbund em Stuttgart. No período de 1943 a 1945, Gropius fabricou nos EUA, juntamente com Wachsmann, o "Sistema Empacotado de casas" que permitia a ampliação ou a redução das casas.
Elementos repetitivos e conexões estandardizadas caracterizavam uma aproximação sistemática do design, que implicava hierarquia na organização dos componentes mais do que formas compositivas. 

INFRA- ESTRUTURA

O grande desenvolvimento das indústrias vai demandar espaços mais amplos e a prova de fogo. A madeira vai ser paulatinamente substituída pelo ferro na construção desses galpões. Em vários países da Europa a ênfase na utilização e no desenvolvimento do ferro vão gerar tratados e estudos dedicados a esse tipo de material. Um desses centros era a École Polytechnique, que evoluiu os conceitos de sistemas modulares, tentando estabelecer uma conexão entre a utilização de formas clássicas associada à versatilidade aplicada frente às exigências sociais. 

O fato da arquitetura metálica se desenvolver mais na Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha é devido ao fato desses países serem grandes produtores de ferro. O progresso das técnicas será envolvido pelo espírito de economia de material. As estruturas ficarão cada vez mais delicadas, mais transparentes e de nova beleza em função das pressões econômicas.
O telegrafo mudou a percepção e compreensão de mundo. A construção e instalação de um cabo telegráfico transcontinental (1866) diminuiu a sensação de distância e ampliou a percepção geográfica. Início das transmissões live: "as distâncias estão para serem medidas por intervalos, não de espaço, mas de tempo". 

A locomotiva definiu seu importante papel na sociedade industrial como veículo de deslocamento de pessoas e mercadorias e, consequentemente, o uso do ferro nos trilhos (1820). O trilho vai ser a primeira unidade de construção.

MATERIAIS MAIS UTILIZADOS: 

FERRO
Quanto à aplicabilidade do material, o ferro só era aplicado como elemento complementar nas edificações: correntes, tirantes ou anéis, armaduras. Transmitia estabilidade, era à prova de fogo e encontrou novas aplicações: grades, peitoris, escadas metálicas, divisões e decorações.
O ferro, um material de construção artificial, sofreu uma série de evoluções, tanto em sua maneira de aplicação quanto em sua estrutura física molecular que dá origem aos mais diversos tipos de aço na atualidade.

CONCRETO ARMADO
O concreto armado possuía uma série de vantagens. Era um material plástico que permitia a produção em máquinas e usinas, sendo depois utilizado em moldes. Era resistente ao fogo, apresentava pequena mudança de volume quando submetido às mudanças de temperatura, não necessitava de maiores cuidados de manutenção, não apodrecia e podia ser um bom isolante térmico. Por outro lado, tinha com desvantagens o fato de ser pesado, encarecendo o transporte. Ele não constituía um bom isolante acústico e não possuía aquela mobilidade perseguida pelos arquitetos contemporâneos. 

PLÁSTICO
Os materiais plásticos invadiram a tal ponto nossa vida cotidiana que esse material artificial tendia a eliminar todos os materiais naturais. Com exceção na arquitetura onde as revoluções são mais tímidas, o plástico encontrou uma aplicabilidade sem fim nos meios utilitários e em todos os setores de componentes e peças.